São precisas tantas coisas. Boas. Más. Indiferentes (o pior). O que faz a necessidade imperar é a magia, essa, existe! Existe sempre. Existe aqui. Aqui, há quem faça magia, aqui... há ...verdade! Verdade, sim! Uma verdade mágica...

quarta-feira, maio 10, 2006

Sabes o que é amar? Sabes de todo o que é o amor? Não, não sei. Se calhar sei sem saber. Se calhar não sei e julgo saber, como qualquer outra adolescente irreverente e incurável nesta viagem pela roda gigante que é o amor… Mas se não sei o que é o amor, como posso então amar? Não saberei também amar?
Perguntaram-me se amava alguém. Pedi para especificarem. Sim, porque amar os pais, amar um cão, amar um amigo ou amar um namorado não é exactamente o mesmo! (Logo, primeira conclusão a tirar, o amor varia conforme a pessoa em questão.). Após a minha extensa tese sobre como o amor é diferente para com cada um, como as diferentes relações sustentavam essa diferença, perguntaram-me se amava alguém! Ainda assim a pergunta mantinha-se! No fundo suspeito que o único propósito desta pergunta é ser tão impertinente e incompleta quanto lhe é possível. Como a sua melhor amiga (sempre de mãos dadas!), “És feliz?”.
Se amo alguém! Primeira reacção – consequentemente a mais inconsciente, ou racional – do ser humano: “Claro que amo!”. Começamos por descrever e enumerar a infinidade de pessoas que dizemos amar. Amamos o pai, amamos a mãe, amamos o vôvô e a vóvó, o titio e a titia, a Clara a amiga de infância, o Pedro o melhor amigo, não “olvidando” Deus e o namorado obviamente! Mas, pergunto-me eu, quantos de nós não dizemos já esta lenga-lenga vezes sem conta sem sequer pensarmos no que estamos a dizer? Isto quando de facto ainda dizemos a lista (tal como num supermercado), porque há quem seja diferente! Há aquele núcleo exclusivo, de percentagem cada vez maior, em que toda a lista se resume ao companheiro, ou ao melhor amigo! Melhor que nada devo dizer! Ainda que pouco…
Vou aqui, em jeito de diário e adolescente, tentar vergonhosamente descrever o que me passou pela cabeça dar como resposta à tal pessoa que me fez a tal pergunta. Amar alguém é sentir o coração bater mais forte quando se fala dessa pessoa. É sentirmo-nos desfalecer quando estamos com ela. É um pouco aquela sensação de “até me custa a respirar”. É estar noutro mundo, olhar para os seus lábios e quere-los beijar, tanto como escutar tudo o que dali provir. É sentir coragem e nem ser capaz de dizer que fomos nós que lhe estragámos a T-shirt preferida. Poderes ser tu sem receios ou influências, poderes falar, gritar, cantar, rir, estar em silêncio, porque qualquer das formas, todo o sentimento que possas estar a viver nessa altura, essa pessoa vai senti-lo também, não provavelmente pelas lágrimas ou berros, mas pelo montão de pormenores que consideras irrelevantes na altura. “Mas a isto a tal pessoa da pergunta dir-me-à, perguntei-te se amavas alguém, não o que era para ti o amor”. Pensei muito sinceramente em lhe dar como resposta uma daquelas frases sem água nem sal, como “Que é de uma coisa sem a outra?”. Mas que resposta seria esta, senão mais do que uma fuga à resposta ainda pendente? Decidi então perder-me mais uma vez na incongruência da minha lógica… Amar alguém é ver nessa pessoa tudo aquilo que poderá fazer de nós felizes, bom e mau. É ver uma imagem de Deus. É ver o nosso melhor amigo, o nosso pior inimigo. É amá-la tanto quanto a odiamos. Exasperei! Foda-se! Mas eu sou algum livro de frases mais que citadas ao longo dos tempos, desde os primórdios?!
Estava prestes a dar como resposta final, única e definitiva, uma desculpa como os argumentos “ad hominem” em filosofia, onde não posso argumentar pois sou jovem, e contra a juventude… Seria comum, aceitável, até mesmo compreensível. Estupidificante, mas comum.
“Pensa! Pensa por ti própria! Não penses no que já ouviste dizer, no que já leste!”, pensei. Revi e reli a minha lista de pessoas possivelmente amadas. Passe pai, mãe, vôvô e vóvó, cão e piriquito, amigas e conhecidos, paixões, namorado, ídolos e materiais. Percorri-os todos, sentindo que os amava a todos, sem saber o que era amor. Que os amava da mesma forma que odiava. Em todos algo comum, o sentimento. E aí percebi.
Pronta para lhe dar a minha resposta (possivelmente ainda mais desmamada que as outras), disse-lhe: “O sentimento que me perguntas-te se sentia, experencio-o todos os dias sobre os mais diversos disfarces. A forma como apresenta as suas aulas todos os dias faz-nos também mudar todos os dias, ou não fossemos nós seres em construcção comandados pelo sentimento. Perguntaste-me se amava alguém. Posso te dizer que sim. Posso te dizer que não. Nenhuma delas seria verdade. Nenhuma delas seria mentira. Simplesmente não seriam resposta, porque se amasse alguém, não me terias feito essa pergunta”.
A tal pessoa, a da pergunta, olhou para mim e muito séria disse em modo de que pergunta, :” – Então és feliz…?”. Olhei-a. E tudo voltou a girar. Como uma roda gigante de feira popular…


Este texto foi enviado por uma escritora anónima que encarnou o sujeito...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Às vezes é preciso dizer "amo-te". Às vezes é preciso dizer "adoro-te". Às vezes é preciso dizer "Obrigada". ***

quarta-feira, maio 10, 2006

 
Anonymous Anónimo said...

ainda bem q esta aqi o q escreveste!ta ai td escritora anonima...beijinho*

quarta-feira, maio 10, 2006

 

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